[ótimo]
Título: O presente do meu grande amor
Autores: Holly Black, Ally Carter, Matt De La Peña, Gayle Forman, Jenny Han, David Levithan, Kelly Link, Myra McEntire, Stephanie Perkins, Rainbow Rowell, Laini Taylor, Kiersten White.
Editora: Intrínseca
Sinopse:
Nesse livro organizado por Stephanie Perkins, temos uma coletânea de doze contos de história de natal. Temos “Meias-Noites” da Rainbow Rowell, “A Dama e a Raposa” de Kelly Link, “Anjos na neve” de Matt De La Peña, “Encontre-me na estrela do norte” de Jenny Han, “É um milagre de Yule, Charlie Brown”, de Stephanie Perkis, “Papai Noel por um dia” de David Levithan, “Krampuslauf” de Holly Black, “O que diabo você fez, Sophie Roth?” de Gayle Forman, “Baldes de cervejas e menino Jesus” de Myra McEntire, “Bem-vindo a Christmas, Califórnia” de Kiersten White, “Estrela de Belém” de Ally Carter, e por fim “A garota que despertou o sonhador” de Laini Taylor.
Meu cantinho:
Eu gostei muito desse livro! Geralmente quando eu leio coletâneas, tem sempre uma história que se destaca enquanto a maioria deixa a desejar, o que não aconteceu nesse caso. Eu conheço diversos dos escritores que compõem esse livro, já li trabalho deles, ou já ouvi falar coisas positivas. Quem reuniu esse grupo foi muito feliz, pois são todos escritores de qualidade, com trabalhos maravilhosos. A seguir vou falar um pouco de cada um dos trabalhos deles.
Começando com “Meias-Noites” da Rainbow Rowell. Dela eu já li
Elanor&Park e
Fangirl. Ela é o tipo de autora da qual eu não sei o que esperar, ela sempre me encanta ao mesmo tempo em que confunde gerando sentimentos ambíguos em relação aos personagens. Essa história não foi diferente, eu confesso que gostei muito do conto, dos personagens, ao mesmo tempo em que odeio algumas atitudes deles – mas acho que isso no fim, só os torna mais reais, pois eles parecem mais humanos.
Na meia-noite de 31 de dezembro 2014, a autora nos apresenta Mags, que aparentemente está de coração partido por conta de Noel. Depois disso, ela apresenta a meia-noite do mesmo dia de anos anteriores e podemos conhecê-los um pouco mais. Mags e Noel são amigos com personalidade muito diferentes, mas que se dão muito bem juntos. Acontece que Mags parece nutrir sentimentos além da amizade por Noel, mas toda meia-noite de cada ano novo ele escolher entrar beijando outra menina, enquanto ela fica sozinha. Eu não gosto de Noel por não perceber o sentimento de Mags, ou fingir não perceber durante tanto tempo, e não gosto de Mags por não conseguir de fato lutar por quem ela gosta. Ao mesmo tempo adoro a personalidade despojada de Noel e me agrada muito o jeito doce da Mags. Um conto que me causa sentimentos conflitantes, mas do qual eu definitivamente gostei.
Em seguida temos “A Dama e a Raposa” de Kelly Link. Eu não conhecia a autora, mas gostei muito do conto dela, ela mistura mistério e um pouco da magia de natal. Ela nos apresenta Miranda, uma garota que sempre passa o natal com a família Honeywell, por ser afilhada da Elspeth, que vem de família abastada, totalmente diferente da realidade em que vive. Toda noite de natal, quando neva, ela se depara com um jovem rapaz, Fenny, que fica do lado de fora, olhando para dentro da casa. Conforme os anos passam, ela espera ansiosamente seu encontro com ele, torce para que o natal chegue logo e para que haja neve, caso contrário ele não aparece. Miranda vai amadurecendo e envelhecendo, mas Fenny parece parado no tempo. Ela se apaixona por ele e ele parece corresponder, agora ela precisa descobrir o que o levou para fora desse mundo e como fazê-lo ficar além das noites de natal. Eu confesso que o final do conto não foi tudo o que eu esperava, mas o desenrolar do conto foi sim muito interessante.
“Anjos na neve” de Matt De La Peña foi outro conto do qual eu gostei do desenrolar, mas que me decepcionou um pouco quanto ao final, pois passa uma sensação de inacabado. Shy é um rapaz que conseguiu uma vaga na universidade por sua inteligência, mas que passa por dificuldades financeiras para se manter, e morre de medo de decepcionar os pais. Ele aceita cuidar do apartamento do seu chefe e da gata enquanto eles viajam no natal, acontece que uma nevasca o deixa preso dentro do prédio, sem qualquer dinheiro (pois seu chefe não pagou adiantado) e sem qualquer comida, além de alguns potes de iorgute que estão na geladeira. Ele começa a passar fome e a repensar suas escolhas, quando uma das vizinhas de seu chefe, Haley, aparece com problema no encanamento e precisa de um lugar para tomar banho. Haley é desconfiada quanto a integridade de Shy, enquanto ele é orgulhoso para compartilhar seus problemas e pedir ajuda. Juntos eles compartilham as conversas mais estranhas e quando por fim seus problemas são expostos um está pronto para ajudar ao outro.
O conto “Encontre-me na estrela do norte” de
Jenny Han foi o mais natalino no sentido mágico. Ela traz a história de Natty, uma menina de descendência oriental que foi abandonada por sua mãe no trenó do Papai Noel, que a adotou como filha. Hoje ela vive no Polo Norte, onde nenhuma garota humana jamais morou. Ela vive cercada por duendes e acaba se apaixonando por um deles: Flynn. Ele parece não perceber Natty, e é sempre visto Elinor, uma duende linda, e juntos eles parecem formar um par perfeito. Natty tem que lidar constantemente com os comentários maldosos de Elinor sobre ela não ter um parceiro humano, mas a verdade é que ela já conheceu um rapaz uma vez quando saiu com Papai Noel e inclusive o beijou, mas seus sentimentos pertencem a Flynn. Esse conto foi particularmente curto, e eu fiquei encantada, apesar do final um tanto quanto triste que abriu um rombo no meu peito.
Eu adoro a Sthephanie Perkis, sou louca por
Anna e o Beijo Francês, assim como por
Lola e o garoto da casa ao lado. Lógico que o conto dela, “É um milagre de Yule, Charlie Brown”, também não fica para trás em qualidade. Foi definitivamente um dos contos que eu mais gostei! Marigold não está vivendo o melhor momento da sua vida, principalmente nessa época festiva, já que depois que seu pai largou sua mãe – porque ele tinha outra família – eles nunca mais comemoraram o Natal. Marigold faz curtas de comédia, e geralmente dubla todos, mas ela está tentando chamar a atenção de um estúdio em Atlanta, e precisa da voz de North. Ele é um dos rapazes da Família Drummond, que vende pinheiros no Natal em um terreno perto do seu apartamento. Quando ela ouve sua voz pela primeira vez, percebe que precisa dele como dublador. Ela tenta se aproximar dele e acaba saindo com uma árvore de natal gigante, que não tem como carregar, e sequer tem espaço no apartamento desorganizado onde vive, mas North a ajuda com a árvore, com o espaço, e alegra o natal de Marigold como a muito tempo não acontecia. É um conto divertido e terno ao mesmo tempo, definitivamente recomendo a leitura dele.
David Levithan é um dos meus autores preferidos, quando eu vi que ele tinha um conto nesse livro eu sabia que eu precisava tê-lo. Acontece que eu acabei me decepcionando um pouco com “Papai Noel por um dia”. O conto dele foi muito triste, muito trágico e muito sombrio. O rapaz se fantasia de Papai Noel para que a irmã do namorado (que não assumiu ele para a família) não se dê conta que o Papai Noel não existe, agora que o pai que fazia esse papel abandonou a família. No meio da noite ele se depara com a outra irmã rancorosa, com a mãe devastada e fica com medo de buscar aquele que ama. Geralmente você espera que um conto de natal seja contentamento, mas eu achei uma história muito pesada e triste.
O conto “Krampuslauf” de Holly Black foi outro mágico e um tanto quanto esquisito. Ele começa com um trio de amigas que vão bolar uma festa para desmascarar o namorado de uma delas que está traindo a garota. Acontece que elas começam a empolgar na festa e querem fazer um super evento e por acaso uma delas convida um garoto fantasiado de Krampus, o companheiro demoníaco do Papai Noel que transforma totalmente a noite - porque na verdade ele não é um garoto e seu corpo não é um fantasia. O conto foi estranho, tem um desenrolar um tanto quanto desconectado, acho que foi um dos que eu menos gostei.
“O que diabo você fez, Sophie Roth?” de Gayle Forman, foi um conto muito fofo que me surpreendeu. Sophie Roth é uma menina que indaga uma vez atrás da outra sobre o que ela está fazendo, porque parece que ela só comete um erro atrás do outro. Por ganhar uma bolsa integral ela acaba indo para uma universidade em uma cidade no meio do nada, onde todos parecem achar que ela é esquisita. Ela acaba ficando presa lá por conta dos preços da passagem e vai perder o Chanucá com sua família, e não tem ninguém para falar sobre isso, pois ali todos sabem apenas o que é o natal. Evitando ficar sozinha ela saí andando pela cidade quando esbarra com Russell. Um cara bacana, que parece entendê-la, não a acha estranha, e apesar de alguns “O que diabo você fez, Sophie Roth?” ela não coloca tudo a perder e recebe um verdadeiro milagre.
“Baldes de cervejas e menino Jesus” de Myra McEntire, foi um conto fofinho, engraçadinho, mas nada excepcional. Nele somos apresentados para Vaughn, um menino que teve problemas na infância e por conta disso acabou virando o típico “garoto problema”. Ele tem uma mente maligna que se amplia e consegue visualizar planos para as mais diversas traquinagens. Acontece que um desses planos tem conseqüências graves, com um pacote de bombinhas ele coloca fogo na igreja e a “opção” que o juizado de menores oferece é trabalho voluntário para a igreja que ele ajudou a queimar. Ele precisa ajudar a organizar todo o cenário da peça de fim de ano, que também foi queimada. Acontece que durante a peça, tudo parece dar errado, e Vaughn tem a chance de usar seu cérebro engenhoso para bolar um plano que ajude a todos, e quem sabe ainda conquistar Gracie, a filha do pastor da igreja, por quem ele está apaixonado.
O conto “Bem-vindo a Christmas, Califórnia” de Kiersten White, foi um conto bonito por falar a respeito de laços familiares, ter um foco no amor de uma família. A mãe de Maria fugiu do pai dela quando ela ainda era pequena, se estabeleceu na pequena Christmas e lá se casou com outro homem. Acontece que ela se vê como uma intrusa nessa família e junta todo o dinheiro que pode para fugir daquela cidade. Quando o novo cozinheiro da lanchonete da mãe chega a cidade, ela se vê encantada por um cara com um dom culinário, que sabe exatamente o que cozinhar pra lhe fazer feliz. Através desse dom e das conversas com ele, ela se abre com a mãe e descobre que nem tudo é como ela imaginava ser. Definitivamente um conto belíssimo, não falo mais sobre ele para não revelar spoilers, mas certamente me conquistou!
O conto “Estrela de Belém” de Ally Carter foi uma história bem diferente. Uma menina está fugindo do mundo, e no aeroporto ela se depara com uma garota desesperada, querendo ir para Nova York encontrar o namorado que ela ama, quando sua passagem a leva para o namorado com quem ela não quer estar. Ela gentilmente troca sua passagem com a garota, sem saber aonde irá parar. Ela então se depara com uma família, que mora totalmente isolada, que acha que ela é irlandesa, e com o namorado lindo de outra menina. Ela precisa desesperadamente fugir, mas o sentimento de aconchego e de amor de todas aquelas pessoas faz com que ela resista a ir embora. Achei interessante o final, porque não suspeitava do motivo pela qual ela estava fugindo, o fechamento foi certamente interessante.
Por fim temos “A garota que despertou o sonhador” de
Laini Taylor, que foi um dos contos mais absurdos desse livro, o que é bem a cara da autora. Ela nos traz Neve, uma menina órfã, de cabelos rosa, que tem uma única chance de sobreviver: achar alguém que se interesse em casar com ela, caso contrário, quando se tornar maior de idade, certamente morrerá de fome naquela ilha. Acontece que o terrível pastor passa a cortejá-la, um homem ruim, que já desposou diversas mulheres, e todas morreram de forma terrível. Ela então pede forças a uma antiga entidade esquecida, e desperta um ser que está disposto ajudá-la, e que se encanta com sua pureza. Um conto diferente, com um final bem singular.
No geral todos os contos são muito interessantes, uma coletânea maravilhosa que vale a pena adquirir. Certamente recomendo a leitura.
Volume único.
Dudi Kobayashi ♥