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“E Libr Qu No P ede Esper r”: para ler antes que se autodestrua!


Ter uma estante inteira cheia de livros não lidos não é uma novidade por aqui. Podemos chamar de "a fila". Não é que ninguém esteja animado sobre os romances e contos em espera lá, só que, para nós, caminhar em uma livraria é como ir às compras de supermercado com o estômago vazio. Deixamos o local com muito mais do que podemos consumir. Você, leitor, está - nesse momento - em um blog com a palavra "book" destacada ali mesmo em seu título, então eu apostaria que você tem uma prateleira semelhante de tesouros não lidos em sua casa. 

Para os leitores menos vorazes e aqueles com vidas ocupadas, terminar um livro pode ser uma tarefa facilmente empurrada para o final da lista de coisas a fazer - junto com a reorganização do armário ou aprender finlandês. "Livros são objetos muito pacientes". Eles podem esperar dias, meses ou, até mesmo, anos para que você lhe entregue a sua total atenção. Uma pequena editora argentina, Eterna Cadencia, encontrou uma forma mágica (e poética) para combater essa situação: eles criaram "E Libr Qu No P ede Esper r". Não, não é um erro de digitação ou um daqueles joguinhos que circulam nas redes sociais para provar que as pessoas leem as palavras por contexto. E sim, o título que figura na capa de um experimento editorial elaborado com uma tinta que desaparece depois de dois meses de interação com a luz e o ar. 

(Fotografia: reprodução/DraftFCB - "El Libro Que No Puede Esperar", Eterna Cadencia) 
O intrigante livro vem selado em um invólucro de plástico e uma vez que é removido, o prazo começa a contar. Parágrafo por parágrafo, história por história, prólogo e créditos - todos passam a desaparecer como num passe de mágica. A obra tem a vida útil de oito semanas até ser preenchida com nada além de páginas em branco. A fórmula da tinta extraordinária, desenvolvida com a ajuda da DraftFCB, é um segredo bem guardado. Embora, seja de conhecimento público que o livro - de tinta rosa - foi impresso por meio de serigrafia ao invés de offset. A sua primeira tiragem se esgotou no dia do lançamento e centenas de novas solicitações foram feitas, demonstrando que ainda há vida na palavra impressa - mesmo que seja breve.

(Fotografia: reprodução/DraftFCB - "El Libro Que No Puede Esperar", Eterna Cadencia)
(Fotografia: reprodução/DraftFCB - "El Libro Que No Puede Esperar", Eterna Cadencia)
"El Libro Que No Puede Esperar" apresenta uma antologia de contos de 20 novos autores latino-americanos. "Se as pessoas não leem os seus primeiros livros, eles podem chegar a nunca ler um segundo", diz o vídeo da Eterna Cadencia. A proposta deles tem como base criar um livro que já fosse uma mensagem em si - incentivando a leitura de novos autores antes que suas histórias desapareçam, de verdade, perante os nossos olhos. Isso contribui para uma abordagem interessante ao motivar compradores a consumirem as obras mais rapidamente e, assim, dar aos autores a atenção que eles precisam para sobreviverem no mercado editorial. Evitando, dessa forma, que a nova safra de escritores não se torne tão invisível quanto as letras deste volume.

O livro que desaparece é a negação de tudo que pensamos sobre literatura: a permanência, o regresso, as anotações. A urgência da leitura eleva a máxima de "ler numa só vez" à um novo nível - expresso e irrevogável. Esse conceito foi bem recebido pela crítica e ganhou três medalhas de ouro e um "Leão de Bronze" no "Cannes Festival of Creativity" ao impor aos leitores uma data limite de consumo. Aliás, "El Libro Que No Puede Esperar" é, na realidade, uma reedição especial de "El Futuro No Es Nuestro: Nueva Narrativa Latinoamericana" - um projeto literário que foi publicado originalmente na revista eletrônica Pie de Página com a participação de 64 autores. 

(Ilustração: reprodução - "El Futuro No Es Nuestro", Pie de Página)
Na era do digital, é bacana ver que os livros impressos sobrevivem - e não apenas como um "objeto de arte".  Tanto que, impressionados com o sucesso desse conceito original, a editora argentina planeja lançar novos títulos com o mesmo recurso perecível no futuro. Até lá, os leitores curiosos em adquirir a versão impressa terão que esperar pelo próximo "livro que não pode esperar". Mas, convenhamos, o que fazer com um livro com páginas em branco após esses dois meses de leitura? Bom, aí, está valendo a criatividade. Nós recomendaríamos dar sequência ao ciclo de novos autores e transformá-lo em algo além de um bloco de notas. Quem sabe, se aventurar escrevendo sua própria história e, assim, contribuir para o futuro da literatura mundial.

Então, o que achou de um livro com data de validade: enigmático ou significativo? Enquanto você decide, aqui está um vídeo de como "El Libro Que No Puede Esperar" foi elaborado.



Emily Antonetti

4 comentários:

  1. UAU, AMEI essa ideia. Apesar de que não compraria muitos livros com essa tinta pq gosto d reler, emprestar e etc. Mas fiquei curiosa O.o

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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    1. A ideia é fantástica e um super alerta! Mas, concordo contigo, também acho que não compraria muitos assim! hehe A parte bacana de um livro é o fato de poder compartilhar o conhecimento com os outros, passar adiante ou reler! :)

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  2. Emily, mais um post super legal!
    Mas eu teria vários livros se apagando na estante...
    Não é que eu não queira ler eles, é que eu preciso trabalhar, comer, dormir. Droga.
    Hahahaha.

    Beijooooooooo

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    1. Sim, Teca. Temos que viver no intervalo das leituras, né. hahaha
      Desse jeito, eu nem iria rasgar o invólucro dos livros... ficariam vários fechados como cápsulas do tempo a serem abertas no futuro! :)

      Beijo, beijo.

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